Oración , Preghiera , Priére , Prayer , Gebet , Oratio, Oração de Jesus

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CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA:
2666. Mas o nome que tudo encerra é o que o Filho de Deus recebe na sua encarnação: JESUS. O nome divino é indizível para lábios humanos mas, ao assumir a nossa humanidade, o Verbo de Deus comunica-no-lo e nós podemos invocá-lo: «Jesus», « YHWH salva» . O nome de Jesus contém tudo: Deus e o homem e toda a economia da criação e da salvação. Rezar «Jesus» é invocá-Lo, chamá-Lo a nós. O seu nome é o único que contém a presença que significa. Jesus é o Ressuscitado, e todo aquele que invocar o seu nome, acolhe o Filho de Deus que o amou e por ele Se entregou.
2667. Esta invocação de fé tão simples foi desenvolvida na tradição da oração sob as mais variadas formas, tanto no Oriente como no Ocidente. A formulação mais habitual, transmitida pelos espirituais do Sinai, da Síria e de Athos, é a invocação: «Jesus, Cristo, Filho de Deus, Senhor, tende piedade de nós, pecadores!». Ela conjuga o hino cristológico de Fl 2, 6-11 com a invocação do publicano e dos mendigos da luz (14). Por ela, o coração sintoniza com a miséria dos homens e com a misericórdia do seu Salvador.
2668. A invocação do santo Nome de Jesus é o caminho mais simples da oração contínua. Muitas vezes repetida por um coração humildemente atento, não se dispersa num «mar de palavras», mas «guarda a Palavra e produz fruto pela constância». E é possível «em todo o tempo», porque não constitui uma ocupação a par de outra, mas é a ocupação única, a de amar a Deus, que anima e transfigura toda a acção em Cristo Jesus.

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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Aprendendo a orar - São Teófano, o Recluso

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Como se alcança o estado de espírito da oração:
Por ser a respiração da alma, a oração é importantíssima na vida de um cristão. A presença da oração na vida de uma pessoa significa que ela está viva espiritualmente. Sem oração, a pessoa está morta.
Ficar de pé diante dos ícones e fazer reverências não constituem propriamente uma oração; são apenas elementos de uma oração. O mesmo pode ser dito sobre a leitura de uma oração, quer seja recitada de memória ou lida em um livro; não é propriamente uma oração, mas apenas um jeito de iniciá-la. O principal aspecto da oração é a invocação de sentimentos de reverência para com Deus: devoção ao Pai, gratidão, submissão à vontade de Deus, um desejo de glorificá-Lo, e sentimentos semelhantes. É por isso que enquanto oramos devemos fazer com que estes sentimentos preencham nosso ser, de modo que nossos corações não fiquem empedernidos. Apenas quando nossos corações se dirigem a Deus é que as nossas orações lidas (quer sejam da manhã ou da noite) tornam-se uma verdadeira oração; caso contrário, elas ainda não o serão.
Uma oração, que é um apelo de nossos corações a Deus, deve ser invocada e fortalecida; um espírito de intercessão deve ser criado dentro de nós.
A primeira maneira de fazer isto é orar através da leitura, ou da escuta, de orações escritas nos livros de oração. Leia o livro de oração ou escute sua leitura com muita atenção e isso certamente incitará e fortalecerá seu coração em sua ascenção a Deus, o que significa que terá alcançado o espírito de oração. Nas orações dos Santos Padres (impressas nos livros de oração e em outros livros litúrgicos), um grande poder de oração está em curso. A pessoa que estiver prestando atenção a elas diligentemente irá, através da força da interação, gozar desse poder, de sorte que o estado de espírito da pessoa que está rezando se aproxima da essência daquelas orações. De modo a transformar suas intercessões em um modo efetivo de alimentar uma oração, deve-se fazer de tal modo que tanto sua mente como seu coração percebam o conteúdo das orações que estão sendo lidas.
Eis aqui os três modos mais simples de alcançar isto:
* Não inicie uma oração sem preparar-se adequadamente para ela.
* Diga as orações com sentimento e atenção, nunca de maneira casual.
* Após completar sua oração, não se apresse a retornar aos seus afazeres cotidianos.
Preparação para orar: Antes de iniciar uma oração, não importa onde ela vá ser feita, fique de pé ou sentado por algum tempo e tente tornar sua mente sóbria, retirando dela todo trabalho e preocupações irrelevantes. Depois pense sobre Quem é Aquele a Quem você está se dirigindo na oração, e quem você é ao orar a Ele; invoque a postura apropriada de humildade e temor reverente a Deus. Esse é o começo de uma oração, e um bom começo é já metade do êxito.
A oração em si mesma: Tendo se preparado, fique de pé diante dos ícones, faça o sinal da Cruz, uma reverência e comece a rezar da maneira de sempre. Diga a oração sem pressa, discernindo cada palavra e trazendo-a para perto de seu coração. Em outras palavras, você deve compreender o que está lendo, e sentir o que você compreendeu. Faça o sinal da cruz e reverências enquanto está rezando. Esta é a essência de ler orações que são proveitosas e agradáveis a Deus. Por exemplo, ao ler "Limpa-me de toda impureza", você deve sentir o quanto impuro você é; deseje a purificação e peça esperançoso ao Senhor por ela. Dizendo "Seja feita a Tua vontade", entregue seu destino ao Senhor completamente e de todo coração, estando pronto para aceitar com alegria o que quer que Ele lhe mande. Quando ler "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores", sua alma deve perdoar todos aqueles que lhe ofenderam.

Fazer isto com cada frase da oração transforma-a de fato na oração correta. Cuide também do segunte:
Primeiro, estabeleça uma determinada regra de oração para si mesmo, uma que não seja comprida demais, de modo que você possa cumpri-la sem pressa dentro da sua rotina diária.
Segundo, no seu tempo livre, dê uma lida nas orações da sua regra de oração atentamente, compreendendo e percebendo cada palavra de modo que possa se preparar de antemão e aprender que sentimento e pensamentos precisa evocar em sua alma de modo a compreender e perceber tudo com facilidade durante suas orações.
Terceiro, se a sua mente inconstante se distrair com outras coisas durante a oração, esforce-se para focar sua atenção mantendo sua mente concentrada no tema da oração. Traga a mente de volta para ela cada vez que se afastar. Leia a oração várias vezes até que cada palavra seja dita com consciência e sentimento. Isto irá acabar com sua falta de atenção durante as orações.
Quarto, se alguma palavra na oração tocar a sua alma de um jeito especial, não prossiga com a oração, mas foque naquela palavra ou frase , alimentando sua alma com a atenção, sensação e pensamentos evocados pela palavra, agarre-se a este estado de espírito até ele desaparecer. Este é um sinal de que o espírito da oração está começando a entrar em você. Este estado de espírito e alma é o modo mais confiável de desfrutar do espírito de oração e de fortalecê-lo em uma alguém.
O que fazer após a oração: Após terminar sua oração, não se apresse em retornar aos seus afazeres usuais, mas, com calma, pense ao menos por algum tempo sobre o que você sentiu e sobre qual o seu dever para com isso. Tente manter na sua mente o que mais o impressionou. A própria natureza da oração é tal que, após uma oração muito boa, a pessoa não quer voltar para seus afazeres usuais, do mesmo modo que aqueles que se deliciaram com algum doce não querem nada amargo. Gozar da doçura da oração é na verdade o objetivo de dizer as orações, aquilo que traz o espírito de oração.
Seguir estas simples regras trará resultados muito em breve. Qualquer invocação de oração causa um bom impacto na alma; se você observar estas regras e o impacto se aprofundar, a perseverança na oração gerará a inclinação para a oração.
Estes são os primeiros passos para criar o espírito de oração em si próprio. É para este propósito que a prática da oração é estabelecida. No entanto, ele não é o objetivo em si mesmo, mas apenas o início para se adquirir o domínio da oração. É preciso ir adiante.
Progresso posterior na oração
Após sua mente e coração se acostumarem a se voltar para Deus através dos livros de oração, você deve tentar fazê-la do seu próprio jeito. Seu objetivo é tornar sua mente capaz de iniciar, por assim dizer, uma conversa com o Senhor, elevando sua mente e coração e abrindo-se em confissão a Ele, dizendo o que há na sua alma e o que ela precisa. Devemos ensinar nossas almas a fazer isto.
Então o que podemos fazer para conseguir dominar essa arte? O primeiro jeito é orar através do livro com reverência, atenção e profunda emoção. Pois é de um coração repleto de piedosos sentimentos e orações que a sua própria oração começará a emanar e ser dirigida a Deus. Mas há também outras maneiras que levam ao resultado desejado nas orações.
O primeiro modo de ensinar sua alma a recorrer frequentemente a Deus é a meditação, ou a contemplação piedosa sobre os caminhos e obras divinas: pensar sobre a misericórdia, a justiça, a sabedoria, a criação e a Providência Divinas, sobre Ele nos ter concedido a salvação através do Cristo, sobre a Graça e o Verbo de Deus, sobre os mistérios e Céus sagrados. Esses pensamentos irão sem dúvida preencher sua alma com piedoso temor a Deus, que diretamente dirige todo o ser do homem para Deus e é portanto a maneira direta de ensinar sua alma a se elevar a Deus.Tendo terminado sua oração, especialmente pela manhã, sente-se e comece a pensar a respeito deste ou daquele caminho ou obra de Deus e tente sintonizar sua alma respectivamente. Junte-se a São Demétrio de Rostov, dizendo: "Visita-me, sagrado pensamento Divino, e seremos absorvidos na contemplação dos grandes atos de Deus", - isto irá tocar seu coração, e sua alma começará a se derramar em oração. Com pouco esforço será capaz de realizar muito. Você deve apenas ter vontade e persistência para fazê-lo. Por exemplo, começando a pensar a respeito da Graça de Deus irá lhe mostrar que tanto o seu ser espiritual como o córporeo é agraciado com as misericórdias de Deus, e você se prostrará diante Dele tomado de gratidão. Comece a pensar sobre a onipresença de Deus e compreenderá que onde quer que esteja, está face a face com Deus, e Deus está face a face com você. Então ficará repleto de temor piedoso. Pense sobre a Verdade de Deus e se convencerá de que nenhuma atitude má fica sem punição. Então certamente decidirá se purificar de todos os seus pecados através do arrependimento do coração e da humildade. Comece a pensar sobre a onisciência de Deus e compreenderá que tudo em você está aberto ante o olho de Deus. Então você definitivamente se tornará rígido consigo mesmo em tudo, de modo a não ofender de maneira alguma Deus, que tudo vê.
O segundo modo de ensinar sua alma a se voltar para Deus baseia-se em devotar cada ato, seja pequeno ou grande, à glória de Deus. Pois, se segundo o mandamento do Apóstolo (1 Cor. 10:31), criarmos para nós a regra de fazer tudo, até mesmo comer e beber, para a glória de Deus, então não importa o que estivermos fazendo, certamente nos lembraremos de Deus, e não apenas lembraremos, mas temeremos fazer algo que possa irar a Deus. Isto fará com que nos voltemos a Deus com temor e lhe peçamos em oração que nos conceda ajuda e iluminação. E visto que estamos sempre fazendo alguma coisa, constantemente nos voltaremos a Ele em oração e assim quase sempre estaremos aprendendo a habilidade de nos dirigir a Deus em oração. Deste modo aprenderemos na prática a nos voltar a Deus mais freqüentemente durante o dia.
O terceiro modo de ensinar às nossas almas a orar é nos dirigindo freqüentemente a Deus desde os corações durante o dia, dizendo petições curtas a respeito das necessidades da nossa alma e das coisas que estamos fazendo no momento. Quando começar a fazer algo, diga: "Abençoa-me, Senhor!" Ao terminar o trabalho, diga: "Glória a Ti, Senhor!" Se uma paixão te inflamar, prostre-se diante de Deus em seu coração dizendo o seguinte: "Salva-me, Senhor, estou perecendo!" Quando estiver tomado por pensamentos perturbadores, exclame: "Guia-me no Teu caminho, Senhor!", ou, "Não deixe que meus pés se desviem." Se estiver desanimado por causa do pecado e ficando abatido, exclame como fez o publicano: "Ó Deus, sê misericordioso comigo, um pecador!" E você deve agir deste modo em todas as situações. Ou pode apenas repetir: "Senhor, tem piedade!", "Santíssima Mãe de Deus, salva-me!", "Anjo de Deus, meu santo guardião, proteja-me!" Ou pode dizer algo semelhante clamando o nome de Deus. Você deve fazê-lo freqüentemente e tentar fazer com que as palavras saiam do seu coração como se estivessem sendo espremidas para fora dele. Quando fizermos isso, teremos freqüentemente a elevação de nossos corações a Deus, nos dirigiremos freqüentemente a Deus, orações freqüentes e tudo isto se traduzirá na habilidade de conversar de forma inteligente com Deus.
Portanto, há três outros modos, além do estabelecimento da prática de oração para si mesmo, que nos conduzirão ao espírito de oração. São eles:
* Dedicar algum tempo pela manhã a pensar sobre coisas Divinas.
* Fazer tudo dedicando-o à glória de Deus.
* Dirigir-se a Deus com freqüência por meio de invocações curtas.
Após termos refletido detidamente sobre idéias espirituais pela manhã, os pensamentos sagrados nos sintonizam para nos lembrarmos de Deus durante todo o dia. Por sua vez, esses pensamentos conduzirão todas as nossas ações, tanto interiores como exteriores, à glória de Deus. Essas três coisas - pensar sobre coisas Divinas, fazer tudo para a glória de Deus, e se dirigir freqüentemente a Ele - são as maneiras mais eficientes de aprender uma oração inteligente e vinda do coração. Aqueles que praticarem isto em breve dominarão a arte de ascender a Deus em seus corações. Assim, a alma começará a adentrar a esfera do Sublime que lhe é tão inerente - através do coração e e dos pensamentos nesta vida, e de fato será admitida para se apresentar diante de Deus na outra vida.
Sobre a Regra de Oração
Temos que aprender a orar. Devemos dominar a arte das frases e movimentos dos sentimentos da oração de modo a não apenas ler uma oração que devemos, mas também para invocar e fortalecer o espírito de oração em nossas almas.
Para obter êxito nisto, devemos:
Primeiro: nunca orar com pressa, pelo contrário, devemos fazê-lo lentamente, como se estivéssemos cantando. Antigamente, quando todas as orações eram retiradas dos salmos, elas eram cantadas, e não lidas.
Segundo: perceba cada palavra, não apenas compreendendo a idéia conscientemente, mas também envolvendo a emoção apropriada.

Terceiro: de modo a dominar seu desejo de ler rapidamente; faça uma regra para si mesmo de que rezar não é apenas ler esta ou aquela quantidade de orações, mas sim dar algum tempo definido para a oração, por exemplo, quinze minutos ou meia hora, ou tanto tempo quanto você estiver acostumado a rezar. Não se preocupe com a quantidade de orações, mas quando o tempo estabelecido tiver acabado e você não quiser mais continuar a orar, apenas pare onde estiver.
Quarto: tendo se ajustado desta maneira, não olhe para o relógio, mas permaneça ali como se fosse ficar de pé ali para sempre , deste modo não irá se apressar...

Quinto: de modo a ajudar o movimento dos sentimentos de oração, releia e reflita sobre todas as orações da sua regra de oração no seu tempo livre com os sentimentos devidos de modo que, quando estiver rezando, saberá de antemão que sentimento deve surgir no seu coração.
Sexto: nunca leia todas as orações uma após a outra, mas sempre as intersparse com as suas próprias orações e reverências. Quando sentir algo repentinamente entrando no seu coração você deve parar sua oração e fazer reverências. Esta última regra é a mais importante e necessária para trazer o espírito de oração... Se você for tomado por algum sentimento muito forte, retenha-o e faça reverências até o final do tempo estabelecido sem ler as orações.
Ore não apenas pela manhã e à noite, mas se tiver a oportunidade, a qualquer hora do dia, fazendo reverências várias vezes.
Quando você estiver ocupado demais para cumprir sua regra de oração, encurte-a, mas não ore com pressa. Deus está em toda parte. Após acordar pela manhã, dê graças a Ele e peça-Lhe, com suas próprias palavras, que abençoe o trabalho do seu dia, depois faça algumas reverências, e pronto! Nunca volte-se para Deus de maneira despreocupada, mas sempre com grande reverência. Ele não necessita nem das nossas reverências nem de longas orações... Um curto, porém firme clamor do seu coração - é isso que alcança Ele! E você sempre é capaz de fazer isso.
Você também pode compilar sua própria regra de oração. Memorize as orações impressas nos livros de oração e leia-as de cor com entendimento e sentimento. Enquanto estiver fazendo isso, insira sua própria oração. Quanto menos você depender do livro, melhor. Aprenda alguns salmos e, quando você estiver indo a algum lugar ou fazendo algo, e sua cabeça não estiver ocupada com aquilo, leia-os... Essa é a sua conversa com Deus. A regra de oração é um guia, não algo a ser cumprido com a obediência de um escravo. Você deve de todos os modos evitar a leitura mecânica e formal. Ela deve ser sempre o resultado de um decisão livre e refletida, realizada com consciência e sentimento, não de maneira negligente. Você deve poder encurtar sua regra de oração quando necessário for. A vida em família é cheia destas circunstâncias. Por exemplo, pela manhã e à noite você pode ler as devidas orações memorizadas. Você pode até omitir algumas delas. Ou pode até não ler nenhuma delas, fazendo, no lugar, várias reverências com uma oração vinda sinceramente do seu coração. Você deve ser o mestre da sua regra de oração, e não o seu escravo. Somos servos apenas de Deus; é a Ele que devemos devotar cada minuto de nossas vidas.
A regra de oração é uma concha protetora de uma oração. Uma oração é algo interior, enquanto que a regra é apenas algo exterior. Mas da mesma forma que uma pessoa sem corpo é incompleta, também a oração é incompleta sem uma regra de oração. Devemos ter ambas, e cumpri-las o máximo possível. A lei indispensável: orar dentro de si mesmo sempre e em todo lugar. No entanto, ler uma oração não pode ser feito sem estabelecer um tempo, lugar e medida definidos para ela. É uma combinação destes três elementos que constitui a regra de oração.
Portanto a pessoa deve ser guiada pela razão quando decidir quando, onde e por quanto tempo deve permanecer de pé orando, bem como que orações dizer. Pode-se escolher isto de acordo com sua circunstância: se a pessoa pode passar mais tempo na oração, reduzi-la ou alterar o tempo e o lugar da oração... O esforço principal deve ser dirigido para a oração interior dita própriamente. É a oração interior que deve ser dita incessantemente.
O que significa uma oração incessante? Estar constantemente no espírito de oração significa voltar os seus pensamentos e sentimentos a Deus. Pensar sobre Deus significa guardar sempre em mente Sua onipresença, onipotência e capacidade de ver tudo. Sentimentos para com Deus são o temor de Deus, amor a Ele, um desejo fervoroso de agradar apenas Ele e de evitar tudo o que Lhe é desagradável. O principal é entregar-se obedientemente à Sua vontade e aceitar tudo que acontecer conosco como sendo algo enviado diretamente por Ele. É possível ter esse sentimento para com Deus a qualquer hora, fazendo qualquer coisa e sob quaisquer circunstâncias, se esse sentimento ainda não estiver sendo buscado, mas já tiver sido estabelecido no coração.
Nosso pensamento pode ser distraído para vários assuntos, mas mesmo assim pode adquirir a habilidade de se agarrar a Deus enquanto estiver fazendo alguma outra coisa e sentir a presença de Deus. Deve-se estar totalmente preocupado com estas duas coisas: pensamentos e sentimentos para com Deus. Quando eles estiverem lá, existe uma oração mesmo que sem palavras. A prática de dizer orações pela manhã foi estabelecida exatamente para estabelecer nossa mente e coração nestas duas coisas, para que mais tarde ao longo do dia possamos iniciar nosso trabalho com elas. Se pela manhã sua alma for preenchida com elas, então sua oração teve êxito, mesmo que você não tenha lido todas as orações estabelecidas.
Suponha que você começou o seu trabalho diário pela manhã. As primeiras coisas que você começar a fazer tiram sua atenção de Deus. O que deve ser feito então? Você deve refrescar seus pensamentos e sentimentos para com Deus através dos seus apelos internos a Ele. E para fazer isto você deve se acostumar com sua pequenina oração curta e repeti-la o mais frequentemente o possível. Qualquer oração curta leva a isso. A melhor oração de todas é: "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim!" Você deve se acostumar com ela e nunca deixar de dizê-la. Quando estiver estabelecida em você, esta oração se transformará na força motriz e apelo a Deus com seu pensamento e sentimento. Este é todo o itinerário dos seus assuntos de oração.
Os iniciantes devem antes de tudo aprender como orar adequadamente segundo as orações escritas, de modo a memorizarem pensamentos, sentimentos e frases de oração. Isso é importante pois as palavras com as quais recorremos a Deus devem ser boas e belas. Quando o iniciante obtiver êxito nisso, ele pode começar tanto com as orações estabelecidas como com suas próprias orações.
Exemplos de orações curtas são encontradas nas 24 pequenas orações do venerável João Crisóstomo no fim das oração da noite. Você também pode escolher outras orações curtas dos salmos, das orações litúrgicas, e pode até compilá-las você mesmo.
As 24 orações de São João Crisóstomo
Segundo as horas do dia e da noite:
Senhor, não me prives dos Teus excelentes dons celestiais. Senhor, livra-me dos tormentos eternos. Senhor, se pequei com a mente e com os pensamentos, em palavras e atos, perdoa-me. Senhor, livra-me de toda a ignorância, esquecimento, pusilanimidade, e insensibilidade empedernida. Senhor, livra-me de toda tentação. Senhor, ilumina o meu coração que os desejos malignos turvaram. Senhor, como homem eu pequei, mas Tu, como Deus compassivo, tem piedade de mim ao veres a enfermidade da minha alma. Senhor, envia a Tua graça em meu socorro para que eu possa glorificar o Teu santo nome. Senhor Jesus Cristo, escreve meu nome, Teu servo no Livro da Vida e concede-me um bom fim. Senhor meu Deus, mesmo não tendo feito nada de bom à Tua vista, concede-me ainda pela Tua graça ter um bom começo. Senhor, derrama sobre o meu coração o orvalho da Tua graça. Senhor do céu e da terra, no Teu reino, lembra-Te de Teu servo pecador, vergonhoso e impuro. Amém.
Senhor, aceita-me em penitência. Senhor, não me abandones. Senhor, não me deixes cair em tentação. Senhor, concede-me bons pensamentos. Senhor, concede-me lágrimas, lembrança da morte e contrição. Senhor, concede-me confessar meus pecados. Senhor, concede-me humildade, castidade e obediência. Senhor , concede-me paciência, coragem e mansidão. Implanta em mim, Senhor, a raiz do bem, o temor de Ti em meu coração. Concede-me, Senhor, amar-Te com toda a minha alma e toda a minha mente, e em tudo fazer a Tua vontade. Protege-me, Senhor, dos homens maldosos, dos demônios, das paixões e de todas as coisas impróprias. Senhor, Tu sabes que tudo é feito segundo a Tua vontade: que a Tua vontade seja feita em mim também pecador, pois Tu és bendito pelos séculos dos séculos. Amém.
Uma oração dada por Deus:
O que mais pode ser dito sobre a oração? - Há uma oração que é feita pelo homem, e há uma oração que é concedida por Deus para o homem que ora. Quem não conhece a primeira? Você deve conhecer esta segunda também, pelo menos na sua forma inicial. No começo, quando o homem está voltando-se para Deus, sua primeira tarefa é orar. Ele começa a ir à igreja, e em casa lê as orações que estão no livro e as que sabe de cor. Mas seus pensamentos se distraem e ele não consegue controlá-los. E no entanto, quanto mais ele se empenhe em suas orações, mais equilibrados ficam seus pensamentos e sua oração se torna mais clara.
E ainda assim, a atmosfera da alma não ficará purificada até que seja acesa com uma pequena chama de espiritualidade. Esta chama é uma amostra da graça de Deus, mas é concedida a todos, não apenas aos escolhidos. Esta chama aparece como resultados de um certo estado de pureza no todo do sistema moral da pessoa que busca. Quando esta chama é acesa, e o coração retém dentro de si um calor constante, ela detém a desordem dos pensamentos. A alma experimenta o que aconteceu com a mulher que tinha um fluxo de sangue: "... e imediatamente seu sangramento parou" (Lucas 8:44). Neste estado, a oração se transforma mais ou menos em uma oração incessante. A oração de Jesus serve como mediadora para esta oração incessante. E este é um limite até o qual a oração feita pela pessoa pode ir.
A próxima etapa deste estado é quando a oração domina a pessoa, e já não é criada por ela. O espírito de oração cativa a pessoa e leva-a consigo para dentro de seu coração, como que se alguém a tomasse pela mão e a fizesse ir de um quarto até o outro. A alma fica presa lá por alguma força exterior e permanece lá dentro por vontade própria enquanto é dominada pelo Espírito que a cativou. Eu conheço dois graus deste enlevo. No primeiro a alma é capaz de ver tudo, percebe a si mesma e sua posição exterior conscientemente, é capaz de raciocinar e se controlar, e até mesmo de cessar este estado se assim desejar.
Os Santos Padres, em especial Santo Isaac da Síria, descreveram também um outro estágio da oração que é dada do alto e domina a pessoa. Neste estágio a alma também é dominada pelo espírito de oração, mas é carregada a tais esferas de contemplação que se esquece de sua posição exterior, não tem o poder de raciocinar, controlar ou cessar este estado, apenas de contemplar. Tal estado é mencionado no "Livro dos Santos Padres", no qual é descrito o caso de uma pessoa que começou a orar antes do jantar e recobrou os sentidos apenas pela manhã. Isto é exatamente o que chamamos de uma oração em êxtase, ou uma oração contemplativa. Em tal estado algumas pessoas ficavam cercadas por luz, ou seus rostos ficavam iluminados, algumas eram elevadas do chão. O Santo Apóstolo Paulo foi arrebatado aos céus neste estado.
Esclarecimento de alguns pontos difíceis:
Você escreve, "Minha oração feita com o livro piorou." - Isto nõa é uma perda: mesmo que você nunca mais pegue o livro de orações novamente. Um livro de orações é algo como um livro de frases em francês, por exemplo. Você decora os diálogos até que possa se expressar fluentemente, e depois de aprender a falar você esquece aquelas frases. Da mesma maneira precisamos de um livro de orações até que chegue o tempo em que a alma começa por si mesma a rezar, depois do que podemos deixar o livro de orações de lado. Porém, quando sua própria oração não estiver fluindo livremente, seria bom dar uma mexida nela orando com a ajuda do livro.
Você deve temer o deslumbramento. Ele acontece com aquelas pessoas que ficam orgulhosas pensando que, já que sentem o calor nos seus corações, isto significa que alcançaram a perfeição mais elevada. Mas isto é apenas o começo, e um começo instável, visto que o calor e o apaziguamento do coração podem ter também uma origem natural, como o resultado de uma diligência sincera. Mas a pessoa deve se empenhar mais e mais, esperar mais e mais até que o estado natural seja substituído por aquele que é concedido pela graça de Deus. A pessoa não deve achar nunca que alcançou alguma coisa, mas devemos enxergar nós mesmos como sendo pobres, nus, cegos e imprestáveis.
Você reclama que a sua oração é curta. - Mas você pode rezar não apenas ficando de pé diante dos ícones, já que qualquer ascensão da sua mente e coração até Deus constitui uma oração verdadeira. E se você fizer issto enquanto estiver fazendo alguma outra coisas, significa que está orando. São Basílio o Grande trata da questão de os Apóstolos estarem em oração incessante da seguinte maneira: não importa o que estivessem fazendo, estavam pensando sobre Deus e vivendo em devoção permanente a Ele. Este estado da sua espiritualidade era de fato sua oração incessante. Eis um exemplo. Como outrora lhe escrevi, exigências diferentes são apresentadas para pessoas que trabalham e pessoas que ficam à toa em casa. A principal preocupação das pessoas ocupadas é de não se permitir sentimentos ruins enquanto estão fazendo seu trabalho e tenar devotar todos os seus sentimentos a Deus. Esta devoção então se transformará em uma oração. Lemos que o sangue de Abel clama a Deus. Do mesmo modo, tudo que fazemos em devoção a Deus clama a Ele. Quando alguém eviou um prato de comida para um ancião, ele disse: "Isto cheira muito mal!" A comida, porém, era muito boa e fresca. Eles lhe perguntaram: "Como pode?" Ele explicou que ela não fora enviada por uma pessoa boa, e não fora enviada com sentimentos bons. As pessoas cujos sentimentos estão apurados sentem isso. Assim parece que, da mesma forma que um bom perfume é exalado por boas flores, também as coisas boas feitas com uma boa disposição exalam um aroma, que sobe como o incenso durante os ofícios divinos.
Você escreve sobre uma insensibilidade espiritual dos sentidos na oração. - Isto é uma grande perda! Dê-se o trabalho de despertar seus sentimentos. Nossas obrigações nos deixam apenas um tempo mais curto para fazer a oração, mas não nos obrigam a um empobrecimento da oração interior - este útimo é imperdoável. Você pode agradar a Deus com pouco, mas este pouco deve vir do seu coração. Eleve sua mente a Ele e diga com arrependimento: "Ó Senhor, tem piedade de mim! Ó Senhor, abençoa-me! Ó Senhor, ajuda-me!" - esta é uma exclamação piedosa. E se o sentimento para com Deus é reavivado e estabelecido no seu coração, então isto será uma oracção incessante sem palavras e sem ficar de pé e ler orações na frente dos ícones.
Sua consciência está preocupada por dizer as orações com pressa? - Isto é justo! Por que dá ouvidos ao Inimigo? É ele que estimula: "Depressa, mais rápido..." É por isso que você não sente nenhum fruto na sua oração. Faça para si mesmo uma regra de não se apressar e dizer cada palavra da oração com entendimento e, se possível, sentimento. Aceite esta tarefa com tanta resolução quanto um comandante-chefe que não permitiria nenhuma objeção. O Inimigo sugeriria: você precisa fazer isto e aquilo, e você deve apenas dizer para si mesmo: "Sei disso sem a tua tentação, vá embora..." E então verá quão próspera sua oração será. De outra maneira, você terá apenas a regra de oração, mas não a oração em si. É apenas a oração que alimenta sua alma.
Você deve checar no relógio o tempo dedicado para a oração que é dita calmamente e verá que ela requer apenas alguns minutos, enquanto que uma oração apressada traz muito prejuízo.
Quando repentinamente lhe ocorrer um pensamento ruim - esta é uma flecha atirada pelo Inimigo. Ele a atira tentando distrair você da oração e ocupar sua mente com algumas coisas mundanas. Se você começar a se concentrar neste pensamento, o Inimigo começará a criar várias histórias na sua mente de modo a manchar sua alma e estimular na pessoa alguns malignos pensamentos passionais. Portanto há apenas uma regra para isso: expulse rapidamente este pensamento e volte sua atenção para a oração.
Todas as nossas orações chegam até Deus? - Uma oração nunca é desperdiçada, independente de o Senhor nos conceder o que estamos pedindo ou não. Devido à nossa ignorância, freqüentemente estamos pedindo algo que nos traria prejuízo, e não benefício. Ao não atender esse pedido, o Senhor nos concede-nos alguma outra coisa pelo nosso esforço de oração, e Ele o faz de maneira imperceptível. É por isso que uma frase como esta: "Você reza a Deus, mas o que conseguiu com isso?" não faz sentido algum. A pessoa que ora está pedindo alguma coisa específica a Deus. Se Deus sabe que a realização da súplica eventualmente prejudicaria a pessoa, Ele não concede o desejo e assim nos faz o bem; pois se Ele tivesse atendido aquela súplica, isto teria feito muito mal àquela pessoa. Cuidado com as armadilhas entre as quais você está andando neste mundo enganador!

Sobre a Oração de Jesus:
Desde tempos imemoriavelmente antigos, Cristãos fervorosos repetiam curtas invocações a Deus para que orassem incessantemente e afastassem pensamentos errantes ociosos. Estas eram várias orações. São Cassiano disse que no Egito todos os Cristãos dizem: "Ó Deus, me ajude, ó Senhor, concede-me Teu auxílio." São Ioanício repetia constantemente: "Minha esperança é o Pai, meu refúgio, o Filho, minha proteção, o Espírito Santo; Santíssima Trindade, glória a Ti." Outra pessoa disse: "Como homem pequei, mas Tu, como Deus misericordioso, tem piedade de mim."
Certamente havia também outras orações curtas similares. Com o tempo, a oração de Jesus se estabeleceu e se tornou amplamente usada por todos: "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, um pecador." O objetivo desta oração é o mesmo das outras: manter a mente voltada para Deus. Ao mesmo tempo, deve-se lembrar que dizer a oração de Jesus é apenas uma ferramenta ou obra que demonstra um forte desejo de encontrar o Senhor.
Todos se beneficiarão dizendo a oração de Jesus. Aqueles que integram as ordens monásticas devem repeti-la o tempo todo. Portanto não há perigo algum na oração em si, se é dita com reverência. No entanto, o que é perigoso é o "trabalho artístico" (isto é, alguns truques artificiais) inventados para acompanhar esta oração. Por exemplo, enquanto dizem a oração de Jesus, algumas pessoas colocam sua mão sobre a mesa e concentram sua atenção debaixo de seu dedos - isto é uma esquisitice inconsistente. Ou então, eis aqui outro capricho: tocar o dedo da sua mão direita contra a palma da sua mão esquerda e assim tentar concentrar a mente na oração.
A primeira pessoa a escrever sobre a execução "artística" da oração de Jesus foi São Gregório do Sinai, no século XIII... Foram estes truques que afundaram algumas pessoas em um estado delirante de encantamento, enquanto outras, por mais estranho que pareça, em um estado constante de luxúria. É por isso que estes truques devem ser reprovados e condenados absolutamente. E devemos urgir a todos a ensinar todas as pessoas a aclamar o dulcíssimo nome do Senhor de um modo simples e sincero.
A essência da oração é fácil de explicar. Faça com que seu coração e sua mente se apresentem diante do Senhor e supliquem a Ele: "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, um pecador." Esta será a sua obra de oração. O Senhor verá quem ora piedosamente e concederá à pessoa que ora uma oração espiritual de acordo com seu zelo. Esta oração espiritual é na verdade o fruto da graça do Espírito Santo. Isto é tudo que precisamos dizer sobre a oração de Jesus. Todo o resto que foi inventado nada tem a ver com ela: é o Inimigo que está tentando nos distrair da oração.
Conclusão
Portanto, a essência da oração consiste em dirigir-se a Deus com atenção e suplicar a Ele com um sentimento caloroso e sincero - quer você esteja expressando sua gratidão, arrependimento ou alguma outra coisa em sua oração. Se não houver tal sentimento, então não há oração verdadeira.
De modo a aprender a rezar, reze com mais freqüência e mais zelo e aprenderá: não precisará de mais nada. Se trabalhar duro e com paciência, com o tempo adquirirá a habilidade de orar sem cessar. Faça disso o seu objetivo - buscar e buscar. O Senhor está perto de você. Mantenha Deus sempre na sua mente e tente sempre ver o Senhor diante de si e venerá-Lo.
Quando pensamentos perturbadores vierem até você durante a oração, afaste-os; se eles persistirem, expulse-os novamente... e seja desta maneira em tudo. Esta é uma obra de sobriedade. Esforce-se a manter no seu coração um espírito religioso. Quando seu coração é dominado por um sentimento, pensamentos vãos não o perturbam.
Quando começamos a escrever, isso acontece com esforço e com o desejo de realizar uma obra corretamente. Da memsa forma devemos aprender a orar através do esforço e da persistência. Uma oração não virá por si mesma, você precisa aprendê-la, como que se sua alma fosse aquecer-se ao esfregá-la. Quando o calor vier, seus pensamentos se acalmarão, e sua oração se tornará pura. Tudo vem através da graça de Deus. É por isso que precisamos orar ao Senhor para que Ele nos conceda a oração.
No que diz respeito à regra de oração, você pode escolher qualquer uma delas, desde que esteja mantendo sua alma em reverência a Deus.
Seria bom se acostumar a suplicar a Deus com orações curtas durante o dia. A principal oração dentre todas elas é a oração de Jesus, "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, um pecador." Aprenda as 24 orações da São João Crisóstomo e ora a Deus com elas. Utilizar orações curtas concentra sua atenção, e perfaz todas as suas necessidades espirituais.
Não esqueça que a força da oração é o "espírito contrito", isto é, o estado no qual seu coração está repleto de arrependimento e humildade. Entreguem-se nas mãos de Deus e Ele nunca os deixará. Enquanto estiver orando, você não deve tentar visualizar Deus ou a Mãe de Deus, ou os santos, ou os anjos, ou qualquer outra visão; apenas ore tendo a certeza de que Deus e os santos escutam sua oração. Como eles conseguem escutar? De que vale discutir isto? Eles simplesmente escutam, e isso é tudo. Se você começar a criar várias imagens na sua mente, surge o perigo de rezar para alguma fantasia. Como podemos visualizar algo que nunca vimos? E também, o estado no qual os santos se encontram naquele outro mundo é tão diferente de qualquer coisa que nos é familiar que todas as nossas visualizações estão destinadas a ser fraudulentas e equívocas. É por isso que devemos nos acostumar a dizer uma oração sem criar imagens nas nossas mentes.
  Aprendendo a orar - Parte II
Sobre a Oração de Jesus (São Teófano, o Recluso)
 
Desde tempos imemoriavelmente antigos, Cristãos fervorosos repetiam curtas invocações a Deus para que orassem incessantemente e afastassem pensamentos errantes ociosos. Estas eram várias orações. São Cassiano disse que no Egito todos os Cristãos dizem: "Ó Deus, me ajude, ó Senhor, concede-me Teu auxílio." São Ioanício repetia constantemente: "Minha esperança é o Pai, meu refúgio, o Filho, minha proteção, o Espírito Santo; Santíssima Trindade, glória a Ti." Outra pessoa disse: "Como homem pequei, mas Tu, como Deus misericordioso, tem piedade de mim."
Certamente havia também outras orações curtas similares. Com o tempo, a oração de Jesus se estabeleceu e se tornou amplamente usada por todos: "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, um pecador." O objetivo desta oração é o mesmo das outras: manter a mente voltada para Deus. Ao mesmo tempo, deve-se lembrar que dizer a oração de Jesus é apenas uma ferramenta ou obra que demonstra um forte desejo de encontrar o Senhor.
Todos se beneficiarão dizendo a oração de Jesus. Aqueles que integram as ordens monásticas devem repeti-la o tempo todo. Portanto não há perigo algum na oração em si, se é dita com reverência. No entanto, o que é perigoso é o "trabalho artístico" (isto é, alguns truques artificiais) inventados para acompanhar esta oração. Por exemplo, enquanto dizem a oração de Jesus, algumas pessoas colocam sua mão sobre a mesa e concentram sua atenção debaixo de seu dedos - isto é uma esquisitice inconsistente. Ou então, eis aqui outro capricho: tocar o dedo da sua mão direita contra a palma da sua mão esquerda e assim tentar concentrar a mente na oração.
A primeira pessoa a escrever sobre a execução "artística" da oração de Jesus foi São Gregório do Sinai, no século XIII... Foram estes truques que afundaram algumas pessoas em um estado delirante de encantamento, enquanto outras, por mais estranho que pareça, em um estado constante de luxúria. É por isso que estes truques devem ser reprovados e condenados absolutamente. E devemos urgir a todos a ensinar todas as pessoas a aclamar o dulcíssimo nome do Senhor de um modo simples e sincero.
A essência da oração é fácil de explicar. Faça com que seu coração e sua mente se apresentem diante do Senhor e supliquem a Ele: "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, um pecador." Esta será a sua obra de oração. O Senhor verá quem ora piedosamente e concederá à pessoa que ora uma oração espiritual de acordo com seu zelo. Esta oração espiritual é na verdade o fruto da graça do Espírito Santo. Isto é tudo que precisamos dizer sobre a oração de Jesus. Todo o resto que foi inventado nada tem a ver com ela: é o Inimigo que está tentando nos distrair da oração.

Conclusão
Portanto, a essência da oração consiste em dirigir-se a Deus com atenção e suplicar a Ele com um sentimento caloroso e sincero - quer você esteja expressando sua gratidão, arrependimento ou alguma outra coisa em sua oração. Se não houver tal sentimento, então não há oração verdadeira.
De modo a aprender a rezar, reze com mais freqüência e mais zelo e aprenderá: não precisará de mais nada. Se trabalhar duro e com paciência, com o tempo adquirirá a habilidade de orar sem cessar. Faça disso o seu objetivo - buscar e buscar. O Senhor está perto de você. Mantenha Deus sempre na sua mente e tente sempre ver o Senhor diante de si e venerá-Lo.
Quando pensamentos perturbadores vierem até você durante a oração, afaste-os; se eles persistirem, expulse-os novamente... e seja desta maneira em tudo. Esta é uma obra de sobriedade. Esforce-se a manter no seu coração um espírito religioso. Quando seu coração é dominado por um sentimento, pensamentos vãos não o perturbam.
Quando começamos a escrever, isso acontece com esforço e com o desejo de realizar uma obra corretamente. Da memsa forma devemos aprender a orar através do esforço e da persistência. Uma oração não virá por si mesma, você precisa aprendê-la, como que se sua alma fosse aquecer-se ao esfregá-la. Quando o calor vier, seus pensamentos se acalmarão, e sua oração se tornará pura. Tudo vem através da graça de Deus. É por isso que precisamos orar ao Senhor para que Ele nos conceda a oração.
No que diz respeito à regra de oração, você pode escolher qualquer uma delas, desde que esteja mantendo sua alma em reverência a Deus.
Seria bom se acostumar a suplicar a Deus com orações curtas durante o dia. A principal oração dentre todas elas é a oração de Jesus, "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, um pecador." Aprenda as 24 orações da São João Crisóstomo e ora a Deus com elas. Utilizar orações curtas concentra sua atenção, e perfaz todas as suas necessidades espirituais.
Não esqueça que a força da oração é o "espírito contrito", isto é, o estado no qual seu coração está repleto de arrependimento e humildade. Entreguem-se nas mãos de Deus e Ele nunca os deixará. Enquanto estiver orando, você não deve tentar visualizar Deus ou a Mãe de Deus, ou os santos, ou os anjos, ou qualquer outra visão; apenas ore tendo a certeza de que Deus e os santos escutam sua oração. Como eles conseguem escutar? De que vale discutir isto? Eles simplesmente escutam, e isso é tudo. Se você começar a criar várias imagens na sua mente, surge o perigo de rezar para alguma fantasia. Como podemos visualizar algo que nunca vimos? E também, o estado no qual os santos se encontram naquele outro mundo é tão diferente de qualquer coisa que nos é familiar que todas as nossas visualizações estão destinadas a ser fraudulentas e equívocas. É por isso que devemos nos acostumar a dizer uma oração sem criar imagens nas nossas mentes.



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