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A ORAÇÃO DE JESUS OU ORAÇÃO DO 
CORAÇÃO"Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim 
pecador". 
A "Oração de Jesus" ou "Oração do Coração", é talvez, a 
mais simples e singela de todas as orações. Ela é bastante conhecida e trata-se 
de um precioso presente que se recebe no coração, como um beijo de despertar. 
Ali ela permanece inerte, até que chega a hora de ser praticada continuamente, 
abrindo uma nova perspectiva dentro do coração do 
Homem.A "Oração de Jesus ou do Coração" é centralizada no Nome 
Divino, podendo apresentar algumas alterações nas palavras que a compõem, pois o 
poder está no nome de Jesus; deste modo o nome "Jesus", por si só, pode 
satisfazer todas as necessidades de quem reza.A Oração retrocede ao Novo Testamento e tem tido um uso 
contínuo e tradicional. O método de contemplação baseado no Nome Divino é 
atribuído a São Simeão, chamado de "O Novo Teólogo" (949-1022). Aos 14 anos, São 
Simeão teve uma visão da Luz Divina, na qual parecia estar separado de seu 
corpo. Confuso, e dominado por uma alegria sufocante, sentiu uma humildade que o 
consumia, e chorou, rezando a oração do Publicano: "Meu Deus, tem piedade de 
mim, pecador" (Lc 18, 13). Muito tempo depois desta visão, a grande alegria 
retomava a São Simeão cada vez que ele repetia a Oração; São Simeão ensinou a 
seus discípulos a rezarem da mesma forma. A oração evoluiu para sua forma 
expandida: "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim pecador". Sob 
esta aparência ela chegou até nós através de gerações de monges e leigo 
piedosos.A invocação do Nome Divino não é característica única da 
Igreja Ortodoxa, pois também é utilizada por Católicos Romanos, Anglicanos e 
Protestantes, embora em menor grau. Nos montes Sinai e Actos os monges 
produziram um sistema completo de contemplação baseado nesta simples oração, 
praticada em absoluto silêncio. Estes monges vieram a ser conhecidos como 
"Quietistas" (em grego: "Hesicastas").São Gregório Palamas (1296-1359), tornou-se o expoente 
dos Hesicastas. Ele conquistou, depois de muita luta, um lugar irrefutável 
dentro da Igreja para a Oração de Jesus e os Quietistas. No século XVIII quando 
o czarismo dificultou o monastícismo na Rússia, e os Turcos esmagaram a 
Ortodoxia na Grécia, o monastério de Neamtzu na Moldávia (Roménia) tornou-se um 
dos grandes centros para a Oração de Jesus. 
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| A Oração é considerada essencialmente espiritual por ser 
focada completamente em Jesus: todos os pensamentos, esforços, esperança, fé e 
amor são derramados em devoção ao Deus Filho. Cumpre dois preceitos básicos do 
Novo Testamento. No primeiro, Jesus diz: "Em verdade, em verdade vos digo: o que 
pedires ao Pai, ele vos dará em meu nome. Até agora, nada pedistes em meu nome; 
pedi e recebeis, para que a vossa alegria seja completa" (Jo 16, 23 - 24). No 
segundo preceito temos a súplica de São Paulo para orar sem cessar, (1 Tes. 5, 
17). Mais adiante temos as instruções de Jesus sobre como orar (fornecidas por 
Ele próprio quando ensinou o Pai Nosso aos seus discípulos): "Tu, porém, quando 
rezares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, reza ao teu Pai que está lá, 
no segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará" (Mt 6, 
6).Jesus ensinou ainda, que todo o ímpeto, bom ou mal, se 
origina nos corações dos homens. "O homem bom, do bom tesouro do coração tira o 
que é bom, mas o mau, de seu mal tira o que é mal; porque a boca fala daquilo do 
que está cheio o coração" (Lc 6, 45).Eram nestes e em muitos outros preceitos do Novo e do 
Velho Testamento, que os Santos Padres, até mesmo antes de São Simeão, baseavam 
sua oração fervorosa e simples. Eles desenvolveram um método de contemplação no 
qual a oração incessante se tomou tão natural quanto a respiração, seguindo a 
cadência rítmica da batida do coração.Para reconhecermos se a nossa oração é inspirada pelo 
Espírito Santo, devemos sempre estar atentos, se na nossa forma habitual de 
rezar, não somos simplesmente levados a repetições de fórmulas desgastadas, o 
que toma, consequentemente, nossa oração sem sentido, e, por conseguinte privada 
totalmente de um contacto mais íntimo da presença divina em nosso 
coração."A Prática da Oração de Jesus é a simples realização 
tradicional da súplica do Apóstolo Paulo para sempre 
orar".Na 'vida mística', os dons do Espírito Santo predominam 
sobre os esforços humanos, e as virtudes 'infundidas' são predominantes sobre as 
'adquiridas'; a alma toma-se mais passiva do que 
activa.Entre a vida ascética, ou seja, a vida na qual a acção 
humana predomina, e a vida mística, isto é, a vida na qual a acção de Deus 
predomina, existe a mesma diferença como entre remar um barco e velejá-lo; o 
remo é o esforço ascético, a vela é a passividade mística que é desfraldada ao 
vento divino".A Oração de Jesus é o núcleo da Oração mística, e pode 
ser usada por qualquer um, a qualquer hora. É preciso seguir os preceitos e 
exemplos frequentemente dados por nosso Senhor. Primeiro retira-se em um lugar 
silencioso: "Vinde vós, sozinhos, a um lugar deserto e descansai um pouco" (Mc 
6, 31); "Empenhai a vossa honra em levar uma vida tranquila" (1 Tes. 4, 11); 
então reza em segredo, só e em silêncio.O "Segredo" deve ser compreendido como é usado na Bíblia: 
por exemplo, Jesus pede-nos para que façamos a caridade secretamente; não 
deixando que a mão esquerda saiba o que a direita 
faz.Não se deve desfilar as devoções, nem ostentá-las. "Só" 
significa a separação dos ambientes imediatos e das influências perturbadoras. 
De facto, nunca estamos em tanta companhia como quando rezamos "… também nós, 
com tal nuvem de testemunhas ao redor…" (Hb 12, 1). As testemunhas são todas 
aquelas que rezam: Anjos, Arcanjos, santos e pecadores, os vivos e os 
mortos. | 
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É na oração, especialmente na Oração de Jesus, que nos 
damos conta de pertencer ao corpo vivente (místico) de Cristo. Em "silêncio" 
implica que a oração não seja audível. Que nem mesmo se medite nas palavras; que 
as palavras só sejam utilizadas para alcançar além de sua própria 
essência.Na vida atarefada isto não é fácil, contudo pode ser 
feito; cada um de nós pode encontrar alguns minutos para uma Oração que consiste 
em apenas algumas palavras, ou até mesmo numa só. Esta Oração deveria ser 
repetida em quietude, sem pressa e pensativamente, cada pensamento deve 
concentrar-se em Jesus e todos os outros pensamentos devem ser esquecidos, sejam 
alegrias ou tristezas.Qualquer pensamento disperso, mesmo bom ou piedoso, pode 
tomar-se um obstáculo. Quando se abraça uma pessoa querida, não se faz uma pausa 
para meditar como e por que se ama; simplesmente se ama com todo o coração. O 
mesmo ocorre quando espiritualmente se traz Jesus Cristo ao coração. Prestar 
atenção à profundidade e à qualidade do amor significa estar mais preocupado com 
as próprias reacções, do que em se entregar sem reservas à Jesus; sem reter 
nada. É preciso pensar a oração enquanto se inspira e espira, acalmar a mente e 
o corpo, usando como ritmo a batida do coração. Não procure palavras, mas vá 
repetindo a Oração, ou apenas o nome de Jesus, com amor e 
adoração.Isto é TUDO! É estranho; mas neste pouco há mais que em 
tudo!É bom ter horas regulares para rezar, e isolar-se sempre 
que possível no mesmo quarto ou lugar, se possível diante de um ícone. O ícone 
está carregado com a presença objectiva dAquele representado, e assim auxilia a 
oração enormemente... Ocorre fechar os olhos em silêncio, focando-os para 
dentro.A Oração de Jesus pode ser usada para culto e petição; 
como intercessão, prece, adoração, e como acção de graças. É um meio pelo qual 
se coloca tudo aquilo que está no coração, em relação a Deus e aos homens, aos 
pés de Jesus. É um meio de comunhão com Deus e com todos aqueles que 
rezam.Na verdade, o homem pode treinar o seu coração para rezar 
até mesmo quando dorme, o que o mantém ininterruptamente dentro da comunidade de 
oração; muitos experimentaram este facto nas suas vidas, tal continuidade de 
oração é adquirida lentamente e com perseverança. 
  
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