Oración , Preghiera , Priére , Prayer , Gebet , Oratio, Oração de Jesus

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CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA:
2666. Mas o nome que tudo encerra é o que o Filho de Deus recebe na sua encarnação: JESUS. O nome divino é indizível para lábios humanos mas, ao assumir a nossa humanidade, o Verbo de Deus comunica-no-lo e nós podemos invocá-lo: «Jesus», « YHWH salva» . O nome de Jesus contém tudo: Deus e o homem e toda a economia da criação e da salvação. Rezar «Jesus» é invocá-Lo, chamá-Lo a nós. O seu nome é o único que contém a presença que significa. Jesus é o Ressuscitado, e todo aquele que invocar o seu nome, acolhe o Filho de Deus que o amou e por ele Se entregou.
2667. Esta invocação de fé tão simples foi desenvolvida na tradição da oração sob as mais variadas formas, tanto no Oriente como no Ocidente. A formulação mais habitual, transmitida pelos espirituais do Sinai, da Síria e de Athos, é a invocação: «Jesus, Cristo, Filho de Deus, Senhor, tende piedade de nós, pecadores!». Ela conjuga o hino cristológico de Fl 2, 6-11 com a invocação do publicano e dos mendigos da luz (14). Por ela, o coração sintoniza com a miséria dos homens e com a misericórdia do seu Salvador.
2668. A invocação do santo Nome de Jesus é o caminho mais simples da oração contínua. Muitas vezes repetida por um coração humildemente atento, não se dispersa num «mar de palavras», mas «guarda a Palavra e produz fruto pela constância». E é possível «em todo o tempo», porque não constitui uma ocupação a par de outra, mas é a ocupação única, a de amar a Deus, que anima e transfigura toda a acção em Cristo Jesus.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Tesouros da Fé : As Formas Ortodoxas de Tratamento à Sempre Virgem Maria.



Theotokos: Uma verdade da fé.

 O Terceiro Concílio Ecumênico, realizado na Cidade de Efeso em 431, definiu com precisão a posição de fé de toda a Igreja a respeito do status da Sempre Virgem Maria:

A Virgem Maria é a "Theotokos" porque ela deu à luz não um simples homem, mas sim, deu à luz “Deus que se fez homem”. A união das duas naturezas de Cristo realizou-se de tal forma perfeita que uma não se contrapõe à outra.“

A posição dogmática do Concílio visava fundamentalmente esclarecer os cristãos a respeito da natureza de Cristo, como Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem.  Isso se fazia necessário porque hereges daquele tempo defendiam que Nosso Senhor era apenas homem, sendo então Maria a “Christotokos” (aquela que deu à luz Cristo).

Então, Maria, a Bem Aventurada e Sempre Virgem, é a Theotokos, em oposição ao herético Christotokos.

Ok, mas se temos em Christotokos “aquela que deu à luz Cristo”, o que literalmente significa o termo canônico Theotokos?

Literalmente, Theotokos é a junção de duas palavras (Deus e Parto), que juntas criam uma nova: Theotokos = A que pariu (deu à luz) Deus.


Theotokos e Mãe de Deus.


Naturalmente podemos considerar que aquela que dá à luz alguém é a mãe deste alguém.
E se este alguém é Deus, considerar “Mãe de Deus” como sendo um significado correto (em seu sentido profundo) para o Theotokos não é nenhum absurdo.

Contudo, é importante determinar que a Santa Igreja, ao longo do tempo, reservou outras formas de caracterizar a Sempre Virgem (e Theotokos) Maria.

A Igreja então, para além de Theotokos, também caracterizou Maria como a Mētēr tou Theou.

E o que vem a ser “Mētēr tou Theou”?

Literalmente: Mãe de Deus

Bom, com isso passamos a ter uma interessante questão: se a Igreja, ao cunhar o termo Theotokos, estava pretendendo denominar Maria como “A Mãe de Deus”, ainda que literalmente não seja esta a exata significação do Theotokos,  por qual razão outro termo seria instituído, significando literalmente “Mãe de Deus”?

Temos então que considerar afirmativamente que o significado pretendido com o termo Theotokos é aquele já previsto em sua leitura mais literal: “aquela que deu à Luz Deus”, ainda que continue sendo totalmente lícito caracterizar que a Theotokos é também a Meter tou Theou, ou seja, a Mãe de Deus, pois a Igreja consagra as duas formas como lícitas, pertencentes ao entendimento ortodoxo da fé.

De todo modo, resta concluir que são duas caracterizações distintas, ainda que sinônimas em sua significância de fundo, mas inequivocamente distintas.



Pluralidade Terminológica: Riqueza Patrística.


 O leitor desta exposição pode neste momento inquirir qual a relevância, para além de uma saudável curiosidade sobre a etimologia das terminologias cristãs, desta reflexão. Pois afinal, se todos concordam que não há nenhuma dúvida que a Igreja consagra tanto o “Aquela que pariu Deus” como o “Mãe de Deus”, qual poderia ser a importância sobre as variações dos termos?

A importância é fundamentalmente litúrgica, mas diz também algo de valioso a respeito da fé ortodoxa.

Isso porque, para a Santa Ortodoxia, a vida litúrgica da Igreja não se trata de mera “tradição com T minúsculo”, como se dá em outras perspectivas.

Para a Ortodoxia, a vida litúrgica da Igreja diz muito sobre a própria fé viva da Igreja, pois em tudo o que ocorre liturgicamente, há desdobramentos (mais ou menos evidentes) em nossa forma de conceber a ortodoxia em nossas vidas.

E os termos “Theotokos” e Meter tou Theou, são utilizados de forma intercalada no desenvolvimento dos serviços divinos, tanto nos textos próprios do serviço, quanto em sua hinografia.

Talvez o leitor ainda não tenha compreendido qual é o “x” da questão deste artigo.

O ponto importante, e que dá sentido a esta exposição, é a situação particular da vida litúrgica da Igreja em um país “novo na fé” como o Brasil.

Pois aqui tratamos de traduzir “Theotokos” sempre como “Mãe de Deus”, sem deixar de traduzir também o “Meter tou Theou” da mesma maneira.

Assim, é desconhecida do fiel ortodoxo brasileiro a existência desta distinção terminológica entre Theotokos e Meter tou Theou, pois em nossas traduções ocorreu um corte desta pluralidade terminológica, em favor de uma simplificação.


Tradução Litúrgica: Ação Missionária e Catequética.



São duas as explicações comuns para a abrupta eliminação da tradução exata dos dois termos (a eliminação da correta tradução do termo Theotokos).

A primeira argumentação indica que seria complicado traduzir o significado de Theotokos de forma a caber no falar litúrgico, primordialmente por ser toda a liturgia Ortodoxa cantada.
Assim, “Mãe de Deus” cabe melhor ao substituir Theotokos do que o mais alongado “Aquela que pariu Deus”. Além de mais longo, o termo “pariu” é considerado grosseiro.
A outra explicação determina que “Mãe de Deus” é um termo muito caro à alma brasileira, que em sua origem cristã católico-romana, consolidou o termo na memória afetiva dos brasileiros.

A essas propostas de explicação, se fazem necessárias duas justas refutações.

A primeira é relativa às dificuldades com as muitas palavras do “Aquela que pariu Deus”. 

Theotokos, em sua origem, também busca eliminar o alongamento do termo em muitas palavras, sendo o termo um neologismo com fins de sintetizar em uma nova palavra, uma idéia.

A criação de um termo novo que em nossa língua fosse um equivalente ao Theotokos resolveria tal questão, atendendo à precisão da tradução com a adequação ao canto litúrgico.

E este termo existe: Deípara é a palavra especialmente criada em nosso idioma para definir “Aquela que pariu Deus”.
Nunca Deípara, assim como Theotokos, será utilizado para descrever senão a Sempre Virgem Maria.

Deípara, assim como Theotokos, possui quatro sílabas, o que resolve a questão métrica relativa à forma cantada de nossos serviços divinos.

Relativo à segunda argumentação dos “simplificadores”, é certo que o termo “Mãe de Deus” é caro ao sentimento devocional dos brasileiros, e que o mesmo não podemos dizer sobre o correto Deípara (que embora seja uma palavra de nosso léxico, é por demais erudita, sem contato com o falar comum dos brasileiros).
Contudo, devemos considerar três coisas: com a tradução fiel e preservadora dos dois termos, não ocorreria a exclusão do termo “Mãe de Deus” em nossos serviços divinos, orações e hinos, pois como dito anteriormente, a forma original dos textos litúrgicos guarda o uso ora de um termo, ora de outro.
Então temos que longe de excluirmos o termo caro à afetividade dos brasileiros, teríamos a oportunidade de acrescentarmos um outro elemento, que seria com o tempo, naturalmente adicionado ao sentimento devoto dos ortodoxos brasileiros.
Uma terceira consideração, é que mesmo se a questão fosse a eliminação de um termo caro aos brasileiros (coisa que como vimos não ocorre, pois Mãe de Deus também é mantido), tal dificuldade deveria ser um argumento para basicamente ignoramos aquilo que nos foi legado pelos Santos Padres?
Pois não deve haver nenhuma dúvida: se nos ativermos à obrigação de nunca enfrentarmos aspectos caros à afetividade brasileira, notoriamente teremos que no implemento da fé Ortodoxa em nosso país, a submeter a alma nacional Pré-ortodoxa. E isso significa o mesmo que deixar de implementar a Ortodoxia, pois é o justamente o contrário que deve ocorrer: a Ortodoxia iluminando os elementos de uma cultura pré-ortodoxa.





Como um modelo para o nosso discernimento, devemos buscar saber como se deu a solução para estas questões (de tradução do original grego para a língua de outros povos) em outros povos, que em um dado momento histórico foram também “jovens na fé”.

E para nos atermos a tal formulação, nenhum outro exemplo seria mais precioso do que voltarmos no tempo e vislumbrarmos como se deu o processo de conversão dos povos eslavos à Santa Fé Ortodoxa.

Quando os Santos Iguais aos Apóstolos São Cirilo e São Metódio implementaram em sua saga missionária a formulação de um idioma que conformasse as formas nativas com o grego, a consolidação de uma exata tradução dos termos gregos para a nova “língua cristã” dos eslavos  foi perseguida como sendo mesmo um importante elemento facilitador da conversão daqueles povos.

Assim, o termo “Bogorodice” surge exatamente como o Theotokos grego, como sendo aquela nova palavra que define exatamente (e unicamente) a característica dogmática consagrada a respeito da Sempre Virgem Maria: “aquela que pariu Deus”.

Não existiu qualquer problema, para que os eslavos pudessem também se referir à Bogorodice como a “Mãe de Deus”, pois eles puderam também traduzir esta definição em seu idioma:  Mat' Bozhija.

Logo, onde em grego se estabelecia Theotokos, os eslavos conceberam Bogorodice, e onde o original constantinopolitano apresentava Meter tou Theou, era estabelecido o Mat Bozhija.

Para aqueles que possam caracterizar que o caso eslavo é particular, pois o idioma foi concebido como adaptação do grego, justamente para fins de conversão dos povos ao Cristianismo, podemos trazer a experiência da tradução dos termos gregos para os idiomas romeno e árabe.

No primeiro caso, temos que romenos utilizam para Theotokos o termo Născătoare de Dumnezeu, mas não deixam também de traduzir o Meter tou Theou: Maica Donmului.

Também os cristãos árabes souberam fazer a distinção de tradução (e preservação de ambos os termos), ao traduzirem Umm Allah e Walidat Allah, para os respectivos “Que pariu Deus” e “Mãe de Deus”.

 Estaríamos então, nós, jovens cristãos ortodoxos brasileiros, de alguma forma autorizados a simplesmente suprimir os originais gregos, e nisso, ignorar a experiência e o exemplo dos povos cristianizados na Santa Ortodoxia há muito mais tempo do que nós ?

A recuperação do termo Deípara, por parte do cristianismo ortodoxo, poderá expressar o mais significativo exemplo de um genuíno esforço de conversão dos elementos nativos brasileiros sob iluminação da teologia ortodoxa, e devolver tal termo à língua falada dos brasileiros (apesar de serem ainda poucos os nativos de fé ortodoxa) é em si, um serviço da Igreja em favor da elevação da cultura nacional, pois a preservação do idioma, em suas formas mais eruditas consiste seguramente em um bem para a pátria, para os homens do nosso tempo e para as gerações futuras.

O colossal trabalho de implementação da santa fé ortodoxa no Brasil, exige de todos os envolvidos uma considerável dose de desprendimento.
 
Somente com a aceitação serena e consolidada de que somos nós aprendizes de outros povos que nos precederam na descoberta da verdadeira luz, podemos fazer com que no Brasil se faça o salvífico empreendimento da verdadeira missão ortodoxa, sem máculas, subtrações ou acréscimos, mas apenas Ortodoxia.

Este artigo será postado no Boletim paroquial "Palavra de Vida", distribuído mensalmente na Paróquia Ortodoxa Russa Santa Zenaide (Patriarcado de Moscou, RJ). 

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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Hesicasmo - Descritivo - Modo Espiritual - hesychia = tranquilidade, quietude, repouso



A Espiritualidade Hesicasta
Frei Vitório Mazucco Fº OFM
 
 
uando se fala de hesicasmo, pensa-se geralmente em um método de oração baseado na repetição infinita do Nome de Jesus, método codificado no ambiente do Monte Athos,  nos séculos XIII e XIV. Trata-se da sistematização filosófico-teológica dada a esta corrente de espiritualidade por Gregório Palamas no século XIV. Trata-se de uma corrente de espiritualidade que se identifica muito bem com a espiritualidade monástica.
Essa corrente de espiritualidade perpassa os Apotegmas dos Padres e as Vidas dos Padres do Deserto. Todavia, aqueles que a descreveram com maior perfeição são os autores da chamada Escola Sinaítica dos séculos VI e VII, de um modo todo especial João Clímaco e Hesíquio o Sinaíta.
Em grego, a palavra hesychia designa um estado de calma, paz, repouso, quietude, tranqüilidade, resultado da ausência disciplinada de agitação interna e externa. É o exercício feito para se libertar do barulho, conflito, inquietude, preocupação e medo.
Assim compreendida, a hesychia, nos autores espirituais, indica também recolhimento da alma, silêncio, solidão interior e exterior, uma plena união com Deus. Este termo é também usado na espiritualidade monástica para indicar o estado de quietude e de silêncio de todo o ser humano, para que ele possa permanecer ligado no divino.
Pode-se, então, definir o hesicasmo como um sistema espiritual de orientação essencialmente contemplativa, que consiste no aperfeiçoamento do humano na busca da união com Deus através da oração contínua.
Os grandes mestres da oração hesicasta, que criaram o método e sobretudo a teologia da oração hesicasta, podem ser encontrados entre os séculos XIII e XIV no Monte Athos.
Vamos aqui recordar alguns nomes: Gregório, o Sinaísta (+1346). Do Mosteiro do Monte Sinai, ele transportou a “oração do coração” para o Monte Athos. Nicéforo, o Hesicasta, de origem calabresa, converteu-se à Ortodoxia e se tornou monge no Monte Athos. Escreveu um pequeno tratado intitulado: “Sobre a Custódia do Coração”, que se tornou um clássico da oração hesicasta.
Do século XIV temos um tratado anônimo chamado: “Método da Santa Oração”, que é às vezes atribuído a São Simeão, o Novo Teólogo, mas não é verdade que seja dele esta obra.
Um outro grande hesicasta é Teolepto, Metropolita de Filadélfia (1250-1345), que formou gerações inteiras de hesicastas.
Finalmente, temos o já citado Gregório Palamas (1296-1359), que é considerado o maior teólogo do hesicasmo. 

Pressupostos da espiritualidade hesicasta 

1. Hesychia e Amerimnia
A hesychia diz respeito à interioridade do humano. Mais que um modo de vida é um estado de alma. É resultado de uma longa luta contra as paixões escravizantes, as agitações e as preocupações mundanas. É o domínio sobre as paixões para poder amar absolutamente e com a máxima liberdade o Senhor.
Quanto à amerímnia (do grego: não-preocupação, despreocupação, tranqüilidade), esta indica de certa forma a mesma coisa: é a conquista disciplinada da serenidade existencial, ser livre de qualquer afã terreno, desvincular-se dos pensamentos deste mundo para se dedicar somente a Deus.
2. Nepsis
Trata-se de outra atitude recomendada pelos mestres hesicastas. Nepsis, palavra de origem grega, significa sobriedade, abstinência (o verbo nepso quer dizer: manter-se sóbrio, abster-se de vinho). É aprender a viver do estritamente necessário, em uma espécie de jejum espiritual que atinge todas as dimensões da existência. É cuidar da inteligência, da mente e do coração, é não se deixar encher de paixões, distrações e excitações, para permanecer sempre em estado de oração. É a atitude do cristão que deve sempre permanecer em Cristo (Jô 15,4), com todas as suas faculdades.  É um método espiritual que confronta todo o humano com a graça de Deus.
Graças à nepsis consegue-se afinar sempre melhor a atenção, apurar a atenção do coração. Muitos consideram a nepsis a mãe da disciplina da oração. 
3. A Recordação de Deus
A doutrina da recordação de Deus vem de São Basílio. Ele mesmo pergunta e responde: Qual é o “próprio” do cristão? Responde o Santo: É conservar a constante recordação daquele que morreu e ressuscitou por nós! Ser cristão é ter sempre o Senhor diante dos olhos.
É vencer o assalto dos pensamentos contrários para estar sempre no Senhor. É vencer a autocontemplação, o voltar-se mais para si mesmo, a preguiça, o cansaço. O hesicasta é aquele que diz: “Durmo, mas meu coração vigia!” Vale mais um desobediente alerta que um hesicasta distraído.
É também um culto e um serviço ininterrupto a Deus. A recordação de Deus é toda a respiração, se não, a solidão espiritual não pode ser compreendida.

A Doutrina da Deificação

O mistério cristão, na sua essência, é a união/a aliança entre Deus e o humano: “Eu lhes dei a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um: Eu neles e Tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que Tu me enviaste e os amaste como amaste a mim” (Jô 17,22-23).
Esta união com Deus através da nossa união com Jesus constitui a salvação do humano, o vencer a fragilidade humana para participar da natureza divina. A esta noção os Padres Gregos chamam de “deificação” (em grego: theosis), o processo da divinização do humano.
A oração hesicasta quer sempre recordar esta certeza de “ser em Deus”. Com a oração, esta nossa transformação em Deus se faz sempre mais ativa e consciente, e se desenvolve em todas as suas possibilidades. O hesicasmo mostra que isto é possível através dos sacramentos, da ascese e da “oração de Jesus” (a invocação incessante do Nome de Jesus).

Característica da oração hesicasta 

A oração hesicasta possui algumas características inconfundíveis. Vamos elencar as principais:
1. Oração monológica
A Sagrada Escritura não se cansa de exortar o/a fiel a  rezar continuamente: “Orai sem cessar” (1Ts 5,17); “Orai incessantemente com toda a espécie de orações e súplicas no Espírito...” (Ef 6,18). Também Jesus costuma frisar a “necessidade de orar sempre, sem cansar” (cf. Lc 18,1), E exortar os seus discípulos: “Vigiai e orai!” (Lc 21,36).
A oração monológica (repetindo sempre uma só e a  mesma coisa; do grego: monos: um só; e logos: palavra) é a preocupação de permanecer sempre na presença do Senhor, com orações simples e jaculatórias. A forma primitiva desta prece é o “Kyrie eleison”. A forma mais comum soa assim: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, pecador!” (cf. Lc 18,13 e 18,38). Trata-se de uma junção da oração do publicano da parábola com o grito do cego de Jericó, que implora a cura. A oração monológica é também chamada de “oração pura”.
Esta fórmula é a síntese de tudo aquilo que é necessário da parte de Deus e da criatura humana. A invocação: “Senhor Jesus, Filho de Deus” constitui o pressuposto divino de salvação (Deus quer salvar e salva de fato!); e a expressão: “tem de piedade de mim” constitui o pressuposto humano da  confiança e da compunção do coração.
2. A Oração de Jesus ou o Poder do Nome
A oração hesicasta, chamada também de “Oração de Jesus”, devido à contínua invocação do Nome de Jesus, é a oração que vai haurir a sua força no poder do Nome divino. O Nome de “Javé”, no Antigo Testamento, e o Nome de Jesus, no Novo Testamento, se identifica com a Pessoa mesma e é causa de salvação para quem o invoca: “Todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo” (At 2, 21).
Invocar o Nome significa deixar que Deus transforme a pessoa que O invoca por meio de seu Filho Encarnado com o poder ou a força do Espírito; significa deixar que Deus opere a contínua e progressiva cristificação. Em outros termos significa: contemplar a Deus e tornar-se a Ele semelhante. A oração contemplativa, de fato, é o diálogo do humano com Deus, é uma união mística.
O Nome de Jesus salva, cura, purifica, limpa o coração – dizem os autores hesicastas. São Basanúfio e São João, mestres espirituais no Deserto de Gaza (século VI) recomendam: “A memória do Nome de Jesus destrói completamente tudo aquilo que é mau”.
3. A Oração do coração contrito
A segunda parte da Oração de Jesus: “Tem piedade de mim, pecador” revela a atitude fundamental do humano frente a Deus – a fé, a tranqüilidade dentro de si, a certeza de que só Deus salva. É a “metanóia”, a mudança radical da criatura para melhor, a partir da força/do poder do próprio Senhor.
Sisões, o Grande (séc. V), não satisfeito com 62 anos de austeridades, em seu leito de morte confessava perante os outros monges: “Parece-me que ainda nem comecei a fazer penitência”.
Os monges do Monte Athos, repetindo a oração de Jesus, usam uma espécie de Rosário, chamado “komboschini”, que os ajuda a contar as invocações feitas... É composto de 100 nós, divididos em intervalos de 25, onde se fazem as  “conversões”, isto é, prostrações profundas, grandes inclinações. Arrependimento e prostações demonstram a atitude física e psíquica dos convertidos do Evangelho.
4. Orar com o coração
A oração hesicasta é também chamada de “oração do coração”. A noção de “coração” é um elemento essencial na espiritualidade oriental. O coração é o centro do ser humano, a raiz da faculdade ativa do intelecto e da vontade, o ponto de onde provém e para onde converge toda a vida espiritual. É a fonte, obscura e profunda de onde jorra a vida psíquica e espiritual da criatura humana.
A criatura humana costuma dispersar-se em muitas coisas, sobretudo através dos pensamentos. Pela inteligência, o espírito conhece um mundo mais externo, e corre o risco de perder o contato com o mundo espiritual. Orar com o coração significa voltar os olhos mais para a interioridade. Para reconstruir e reunificar a pessoa, é necessário reencontrar uma relação mais harmoniosa entre a inteligência e o coração.
5. Orações simples, com poucas imagens
O Metropolita Ortodoxo Kálistos Were resume alguns aspectos importantes deste tema da oração hesicasta, baseando-se em experiências e palavras de muitos Santos eremitas:
Quando preenchemos a mente com a recordação de Deus, precisamos dar-lhe uma tarefa, uma atividade. E a única atividade, para este caso, é a invocação do Nome: “Senhor Jesus”. A recordação do Nome recupera uma mente desintegrada, partida em muitos cacos, e coloca de lado os pensamentos dispersivos. Não se trata de um conflito selvagem, nem de repressão violenta, mas de um delicado e perseverante ato de dar destaque ao Nome do Senhor. Quem não gosta  de colocar em evidência o nome da pessoa amada?
Pronunciar o nome é morar na intimidade, é ir para o interior da casa. Não há necessidade de visualizar nada, mas é bastante estar dentro, morar, permanecer, bem dentro de uma sensação, de um sentimento, de uma convicção.
6. Oração hesicasta e iluminação
Quando a oração hesicasta se torna perfeita oração do coração, seu primeiro efeito é a iluminação. Não podemos esquecer que esta oração é o grito suplicante do cego que pede  a Jesus que o cure da cegueira (cf. Lc 18,38). E Jesus atende ao grito do pobre cego: abre-lhe os olhos e lhe dá a iluminação.
A teologia da luz é muito importante para a espiritualidade. Na liturgia tudo é luz: a igreja fica toda iluminada, as imagens, o altar, os candelabros, a Palavra que vai ser proclamada diante do povo fiel. A Páscoa é uma festa de luz!
O Natal tem a Estrela que conduz os magos ao local onde se acha o Menino-Deus! A Festa da Transfiguração relembra  o modo como o corpo de Jesus se torna transparente e todo iluminado no alto do Monte Tabor (cf. 9,28s). A luz espiritual interior deve tornar-se, de modo carismático, sempre mais visível. É o frágil corpo humano, transfigurado, que já começa a participar da glória da divindade.
Quem através da prece provou a alegria e a presença de Deus tem os olhos iluminados.
7. A Oração como bondade do coração
O que mais impressiona, em pessoas que seguem a via hesicasta, é a sua capacidade de criarem dentro de si mesmo e ao redor de si certas condições para serem elas mesmas a encarnação de uma oração contínua: a sua mansidão, a sua imensa bondade e o seu modo, reconciliado, de relacionar-se com todas as criaturas.
Conta-nos o Peregrino Russo: “Quando rezava, no fundo do meu coração, tudo o que me cercava aparecia sob um aspecto maravilhoso: árvores, ervas, pássaros, terra, água, ar... tudo parecia dizer-me que existem para o homem, que através do Amor de Deus, tudo rezava, tudo cantava a glória do Senhor. Compreendia assim aquilo que a Filocalia chama de consciência, o conhecimento da linguagem da criação, e via como é possível conversar com as criaturas de Deus”
8. Oração e atuação no mundo
Orar com o coração não quer dizer desprezar o mundo e as pessoas, pelo contrário: é reecontrar o amor para com todas as criaturas. A Oração de Jesus transforma cada um (a) em criaturas para os outros. Yves Leloup, autor francês, que viveu um período no Mosteiro do Monte Athos, recolheu estas palavras de um dos monges: “Rezar é a arte de amar!”
Orar, rezar segundo o modelo hesicasta significa dar o sangue do próprio coração. É dar-se ao mundo, às pessoas, à própria casa, às estradas, ao trabalho e às refeições, dar a todas as atividades uma palavra, uma luz, transformar, enfim, tudo em um mundo espiritual.
 

Concluindo 

Podem-se ler páginas e páginas maravilhosas sobre a oração hesicasta. Mas vamos fechar estas páginas de Leitura Espiritual, citando alguns belos pensamentos de Evágrio Pôntico (séc. IV dC):
  1. «A oração é um diálogo do intelecto com Deus.»
  2. «Reza sobretudo para receberes o dom das lágrimas, para abrandares a dureza do teu coração e obteres a misericórdia do Senhor.»
  3. «Comporta-te com coragem e ora com força: manda para longe de ti todas as preocupações e reflexões que te assaltarem. Reza para não te deixares tomar pela inquietação e para não veres esvair-se o teu vigor.»
  4. «A oração brota da doçura do coração e da ausência do ódio. A oração é fruto da serena alegria e do reconhecimento.»
  5. «A oração expulsa a tristeza e a falta de coragem.»
  6. « Durante a oração, esforça-te para tornares a tua mente surda e muda. Então poderás rezar de fato!»
  7. « Não rezes para que se cumpra a tua vontade, a não ser que ela esteja em conformidade com a Vontade do Senhor.»
  8. « A oração sem distrações é a mais alta manifestação da inteligência.»
  9. « Orar significa elevar a inteligência até Deus.»
  10. « Assim como a vista é o que de melhor possuímos entre todos os sentidos corporais, a oração é a mais divina de todas as virtudes.»
  11. « Quando um dia, na tua oração, te sentires pervadido de grande alegria, então finalmente encontraste a verdadeira oração*.»
* Cf. Meyendorf, J., San Gregorio Palamas e La Mistica Ortodossa, Turim, 1976, p. 11-14
O texto acima segue, em suas grandes linhas, o Professor de Espiritualidade Frei Iannis Spiteris, OFMCap. E toma por base suas aulas de Espiritualidade Oriental, no Pontifício Ateneu Antonianum. Cf. a sua Apostila de 1990, p. 73-91, que o Autor deste artigo traduziu e adaptou. 


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

* La Beata Madre Elena Aiello LE RIVELAZIONI * Prophecies of Blessed Sister Elena Aiello * BLESSED Sister Elena Aiello 1895 – 1961 * 14 -09-2011: LA "MONJA SANTA" VENERABLE ELENA AIEL... * Una gran explosión nuclear contaminará las aguas y... * Qué dice el “preámbulo doctrinal” presentado a la ... * * Cardinal Burke at Notre-Dame de Fontgombault ...



 

Hesicasmo- Monte Athos-

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sábado, 3 de setembro de 2011

O AVISO DA IRMÃ LUCIA Os últimos tempos do mundo

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A Irmã Lúcia de Fátima avisou-nos que estamos nos últimos tempos. Apresentamos aqui extratos das suas declarações ao Padre Agustín Fuentes, na última vez em que pôde falar livremente, antes de funcionários do Vaticano lhe terem dado ordem para não falar sem autorização prévia.
«Senhor Padre, a Santíssima Virgem não me disse que estamos nos últimos tempos do mundo, mas fez-mo compreender por três razões.»
O combate final. «A primeira razão é porque Ela disse-me que o demónio está travando uma batalha decisiva contra a Santíssima Virgem. E uma batalha decisiva é a batalha final, em que um lado será vencedor e o outro lado sofrerá uma derrota. Assim, a partir de agora devemos escolher o nosso lado. Ou somos por Deus ou somos pelo demónio. Não há outra possibilidade.»
Os últimos remédios. «A segunda razão é porque Ela disse aos meus primos, como também a mim, que Deus está a oferecer os dois últimos remédios ao mundo. São eles o Rosário e a devoção ao Imaculado Coração de Maria. São os dois últimos remédios, o que significa que não haverá outros.»
O pecado contra o Espírito Santo. «A terceira razão é porque, nos planos da Divina Providência, Deus esgota todos os outros remédios antes de castigar o mundo. Mas quando Ele vê que o mundo não presta qualquer atenção, então – como dizemos na nossa maneira imperfeita de falar – oferece-nos com ‘temor certo’ o último meio de salvação, a Sua Santíssima Mãe. E é com ‘temor certo’ porque, se desprezarmos e repelirmos este último meio, não teremos mais nenhum perdão do Céu, porque teremos cometido um pecado a que o Evangelho chama pecado contra o Espírito Santo. Este pecado consiste em rejeitar abertamente, com pleno conhecimento e consentimento do ato, a salvação que Ele nos oferece. Recordemos que Jesus Cristo é um Filho muito dedicado, e que não permite que ofendamos e desprezemos a Sua Santíssima Mãe. Ao longo de muitos séculos da história da Igreja, recolhemos o testemunho certo que demonstra, através dos castigos terríveis que caíram sobre os que atacaram a honra da Sua Santíssima Mãe, como Nosso Senhor Jesus Cristo sempre defendeu a honra da Sua Mãe.»
Oração e sacrifício, e o Santo Rosário«A Irmã Lúcia disse-me: Os dois meios para a salvação do mundo são a oração e o sacrifício.
«Sobre o Santo Rosário, a Irmã Lúcia disse: Repare, Senhor Padre, que a Santíssima Virgem, nestes últimos tempos em que vivemos, deu uma nova eficácia à recitação do Rosário. E deu-nos esta eficácia de tal maneira que não há problema temporal ou espiritual, por mais difícil que seja, na vida pessoal de cada um de nós, das nossas famílias, das famílias do mundo ou das comunidades religiosas, ou mesmo da vida dos povos e nações, que não possa ser resolvido pelo Rosário. Não há problema, afirmo-lhe, por mais difícil que seja, que não possamos resolver rezando o Rosário.
Com o Rosário, salvar-nos-emos. Santificar-nos-emos. Consolaremos a Nosso Senhor e obteremos a salvação de muitas almas.»


Devoção ao Imaculado Coração de Maria
«Finalmente, a devoção ao Imaculado Coração de Maria, nossa Mãe Santíssima, consiste em considerá-La como fonte de misericórdia, de bondade e de perdão, e como a porta segura pela qual entraremos no Céu.»


A urgência da conversão
«A Irmã Lúcia também me disse: Senhor Padre, não devemos esperar que venha de Roma, da parte do Santo Padre, um apelo ao mundo para fazer penitência. Nem devemos esperar que o apelo à penitência venha dos nossos Bispos nas nossas dioceses, nem das congregações religiosas. Não! Nosso Senhor já usou muitas vezes esses meios e o mundo não prestou atenção. É por isso que agora é necessário que cada um de nós
comece a reformar-se espiritualmente. Cada pessoa deve não só salvar a sua alma como também todas as almas Deus lhe colocou no caminho ...»
«O demónio faz tudo o que pode para nos distrair e nos levar o amor à oração; seremos salvos todos juntos ou seremos condenados todos juntos.»

A missão da Irmã Lúcia


«Senhor Padre, a minha missão não é indicar ao mundo os castigos materiais que decerto virão sobre a terra, se antes o mundo não fizer oração e penitência. Não! A minha missão é indicar a todos o perigo iminente em que estamos de perder para sempre a nossa alma, se persistirmos em continuar agarrados ao pecado.»

«Ninguém presta atenção»
«Senhor Padre, a Santíssima Virgem está muito triste por ninguém fazer caso da Sua Mensagem, nem os bons nem os maus: os bons, porque continuam no seu caminho de bondade, mas sem fazer caso desta Mensagem; os maus, porque, não vendo que o castigo de Deus já paira sobre eles por causa dos seus pecados, continuam também no seu caminho de maldade, sem fazerem caso da Mensagem. Mas creia-me, Senhor Padre, Deus vai castigar o mundo, e vai castigá-lo de uma de uma maneira tremenda. O castigo do Céu está iminente.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Teofane il Recluso : In tutte le azioni, parole e pensieri tieni rivolta la mente a Dio; non segnare nella tua mente altro che il Cristo

IV
 
V’ho parlato tre volte della preghiera. Ho considerato la preghiera letta con attenzione, quella che consiste nell’elevarci a Dio con la mente e con il cuore ed infine la preghiera che consiste nello stare di fronte a Dio in ardore di spirito. Il Signore ci ha insegnato i vari gradi e generi della preghiera, affinché ciascuno, secondo le sue forze, possa partecipare dei suoi vantaggi. Infatti quella della preghiera è un’opera veramente grande. Essa, come ho detto, è testimonianza della vita spirituale e nello stesso tempo ne è il nutrimen­to. Perciò è assolutamente necessario cercare di perfezionarla. In parte vi ho ricordato come si possa riuscire nei vari generi di preghiera. Ora vi voglio far presente, per mettervi in guardia, quali siano le difficoltà che s’incontrano, poiché difficilmente potremo riuscire nella preghiera se nello stesso tempo non ci cureremo delle altre virtù.
 
Se paragoniamo la preghiera ad una sostanza aromatica e l’anima al recipiente fatto per contenerla, sarà evidente che, come in un recipiente forato non può essere contenuta la sostanza aromatica, così anche la preghiera non può resistere nell’anima se questa non è perfetta per mancanza di qualche virtù. Se paragoniamo colui che prega all’insieme del corpo umano, ne seguirà che, come uno privo di una gamba non può camminare, sebbene le altre parti del corpo siano integre, così non può avvicinarsi a Dio o giungere ad Esso con la preghiera colui che non sia dotato di effettive virtù. Penetrate con la mente l’insegnamento degli Apostoli e vedrete che la preghiera per loro non è mai sola, ma è sempre accompagnata da un’intera schiera di virtù. L’Apostolo Paolo prepara il cristiano alla lotta spirituale e lo riveste di tutte le armi di Dio. Osservate quali esse sono: la verità come cintura, la giustizia come corazza, i calzari dell’Evangelo della pace, lo scudo della fede, l’elmo della speranza, la spada della parola di Dio[14]. Ecco i mezzi! E solo dopo averli esposti tutti, san Paolo pone il suo soldato in una fortezza – nella preghiera – dicendo: “pregando con ogni genere di preghiera e di suppliche in ogni tempo con lo spirito”[15]. Certo che con la sola preghiera si possono superare tutti i nemici, ma per essere forti nella preghiera bisogna consolidare la fede, la speranza, la conoscenza della verità, la giustizia e tutte le altre virtù. In un altro passo l’Apostolo, rivestendo di abiti nuziali l’anima, in quanto è la fidanzata di Cristo, dice: “Rivestitevi di viscere di misericordia, di bontà, d’umiltà, di mitezza, di sopportazione, del perdono delle offese, di amore, di pace, istruitevi nella saggezza della parola del Signore”. E poi, quale corona della bellezza, pone sul capo la preghiera: “Cantate salmi, inni e canti spirituali, nella grazia celebrate nei vostri cuori il Signore”[16]. Anche in altri passi della Scrittura la preghiera è considerata in indissolubile rapporto con tutte le virtù, come la loro regina; esse si muovono al suo seguito ed essa le trascina dietro a sé, oppure, immagine ancor più bella, è considerata il loro fiore odoroso. Come crescono prima le radici, poi il tronco ed i rami, quindi le foglie ed infine il fiore che sboccia ed attira a sé gli sguardi, così anche la preghiera, perché possa fiorire nell’anima, deve esser preceduta ed accompagnata da buone disposizioni spirituali e da una serie di impegni, che sono la fede, la quale corrisponde alle radici, l’amore attivo a cui possono paragonarsi il tronco ed i rami ed infine l’ascesi fisica e spirituale, a cui nella pianta corrispondono le foglie. Quando nell’anima è stato piantato un albero così santo, sboccerà in esso, di mattina o di sera o durante la giornata, secondo le sue caratteristiche, il fiore della preghiera riempirà di profumo tutto il nostro regno interiore.
 
Richiamo alla vostra mente questi pensieri, perché qualcuno di voi non pensi che basta impegnarsi nella preghiera. No, è necessario prendersi cura di tutto, cioè pregare e progredire in ogni virtù. È perfettamente vero che non si può progredire nelle virtù senza la preghiera, ma dobbiamo impegnarci nelle virtù anche durante la preghiera, perché questa possa offrirci in qualche modo il suo aiuto. Ed anche per progredire nella preghiera dobbiamo pregare, ma dobbiamo impegnarci in quest’ultima, così come nell’ambito della virtù.
 
Dobbiamo preoccuparci di tutto ed in tutto essere precisi. A questo riguardo si può fare un paragone con l’orologio. Quando quest’ultimo funziona con precisione ed indica il tempo esatto? Allorché in esso ogni ruota ed ogni altra parte è intatta e sta al suo posto ed è in connessione con le altre parti. Lo stesso si può ripetere del meccanismo interiore, dell’anima. Lo spirito, come una lancetta, è in direzione esatta, cioè è rivolto direttamente a Dio, quando tutte le altre parti dell’anima sono intatte ed in ordine e, per cosi dire, sono dotate della virtù, che è loro propria.
 
Di quali virtù sia necessario circondare la preghiera, cioè quale vita di preghiera e virtù debba istaurare in sé il Cristiano, vi dimostrerò non con le mie parole, ma con quelle di San Demetrio di Rostóv, che ne tratta in breve nella seguente catechesi.
 
Vi prego di seguire con attenzione:
 
1.      Appena ti svegli, il tuo primo pensiero sia rivolto a Dio, la prima parola sia la preghiera al Signore, che ti ha creato e ti conserva in vita, che può sempre dare la morte e la vita, distruggere e guarire, salvare e rovinare.
2.      Prostrati davanti a Dio e ringrazialo che ti ha svegliato dal sonno e non ti ha portato alla rovina a causa dei tuoi peccati, ma aspetta con pazienza la tua conversione.
3.      Inizia una vita migliore dicendo con il salmista: “Ed è cosi che dico: io comincio con gli anni, con i giorni dell’Altissimo”[17]. Nessuno percorre bene il cammino verso il cielo se non colui che comincia bene ogni giorno.
4.      A cominciare dal mattino, sii nella preghiera un Serafino, nelle tue opere un Cherubino, nel modo di comportarti un Angelo.
5.      Non perdere inutilmente il tuo tempo, ma dedicalo alle opere buone necessarie.
6.      In tutte le azioni, parole e pensieri tieni rivolta la mente a Dio; non segnare nella tua mente altro che il Cristo e che nessuna immagine venga a contatto con il cuore puro all’infuori di quella purissima di Cristo Dio e Salvatore.
7.      Risveglia in te con ogni mezzo l’amore per il Signore, nei limiti che puoi, ripetendo particolarmente nel tuo intimo queste parole del Salmista: “Mentre medito si accende in me un fuoco”[18].
8.      Rivolgi sempre il tuo sguardo interiore alla presenza di Dio, che tu hai deciso di amare incessantemente, per cui tienti lontano da ogni cattiva azione, parola o pensiero. Perciò agisci, parla e pensa sempre onestamente, umilmente e con timore filiale.
9.      Siano sempre unite la mansuetudine con la lode e l’umiltà con l’onestà.
10. La tua parola sia sempre calma, umile, onesta ed utile: che il silenzio giudichi le parole che hai da pronunciare. Che non esca mai dalla tua bocca una parola vuota e corrotta.
11. Se ti capita di ridere, limitati al sorriso e per di più non spesso.
12. Guardati dall’ira, dallo sdegno e dagli alterchi; frenati nell’ira.
13. Sii sempre moderato nel mangiare e nel bere.
14. Sii sempre accondiscendente e Dio ti renderà beato, come pure gli uomini ti loderanno.
15. La morte è la fine di tutto e prega sempre per essa.
 
Vedete quale splendida vita viene additata ad un Cristiano dedito alla preghiera! È vero che queste norme vertono in gran parte sulla preghiera, cioè sulla conversazione con Dio per mezzo dello spirito e del cuore, ma vi sono indicate anche varie virtù ed esse sono tali che, senza di loro, non può sussistere la preghiera. Tutto ciò ognuno prova ed apprende concretamente, purché si eserciti nella preghiera in modo conveniente. Come puoi pregare, quando sei oppresso dall’incontinenza oppure sei sconvolto dall’ira e dal dispetto, o non sei in pace con qualcuno, o infine sei in preda a preoccupazione o alla distrazione? Se non ci troviamo soggetti a questi difetti, necessariamente siamo in quella opposta, cioè nella virtù. Perciò San Giovanni Climaco afferma cha la preghiera è madre e figlia della virtù.
 
A queste parole qualcuno penserà: “Si esige troppo! È un peso oppressivo! Dove troveremo le forze ed il tempo per questo sforzo?”. Ma abbiate coraggio, fratelli, poiché c’è bisogno di poco e anzi basta una sola cosa: lo zelo per il Signore e per la salvezza dell’anima in Lui. L’anima, per natura sua, ha molti pregi, che però sono guastati da ogni genere di difetti. Appena nell’anima sorge il desiderio di salvarsi e di compiacere a Dio, quanto di positivo c’è in essa si raccoglie attorno a questo desiderio ed in essa subito si manifesta non poco bene. Poi lo zelo, rafforzato dalla grazia di Dio, con l’aiuto di questo bene iniziale, comincerà ad acquistare ogni altro bene ed arricchirsene e tutto comincerà a crescere a poco a poco. Lo zelo ha già in sé anche il virgulto della preghiera. Dapprima essa si nutre della bontà naturale, ma poi comincerà a nutrirsi della bontà conquistata con la fatica, prenderà a svilupparsi ed a consolidarsi, crescerà e comincerà a cantare ed a celebrare nel cuore il Signore con una preghiera armoniosa e complessa.
 
Che il Signore vi aiuti a riuscire in quest’opera. Amìn.

20 dicembre 1864

 
Da “Quaderni dell’Ortodossia”, Roma 1974, 26-46